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Artigo - Temos papa: Francisco

19/03/2013

Confira o artigo do promotor de Justiça, Eliseu Antônio da Silva Belo, publicado no jornal O Popular desta terça-feira (19).
 
 
Temos papa: Francisco
 
O dia 13 de março de 2013 entrou para a história da Igreja Católica. Surpreendendo todas as apostas que se faziam às vésperas do conclave, os cardeais escolheram o primeiro papa latino-americano, sabedores de que a Igreja necessita de uma mudança radical de rumos, de uma reforma profunda e efetiva. Os muitos escândalos e decepções que levaram à renúncia do papa anterior, Bento XVI, mobilizaram os cardeais para a escolha de um novo líder em todos os sentidos, capaz de reverter o quadro desalentador então vivido e de resgatar a fé dos fiéis, sob a força das lições sempre vivas do Evangelho de Cristo.
 
Não menos surpreendente foi a escolha do novo e inédito (entre os papas) nome com que Jorge Mário Bergoglio passaria a ser chamado: Francisco. Embora instado a se lembrar dos pobres pelo cardeal brasileiro d. Cláudio Hummes, logo que escolhido por seus pares, é inegável que o papa Francisco apresenta características e atitudes que o aproximam do Santo de Assis.
 
Conforme amplamente divulgado pela mídia, o papa Francisco é um religioso de personalidade simples, desapegado das pompas e do luxo que geralmente cercam - ou pelo menos cercavam - a vida de um papa. Assim que declarado escolhido por seus colegas cardeais, por exemplo, dispensou o uso da capa vermelha com pele que seu antecessor usava e no lugar do crucifixo de ouro preferiu um de latão. No primeiro dia de pontificado, o papa Francisco abriu mão do carro oficial para se deslocar até a basílica romana de Santa Maria Maior, voltando à Casa de Santa Marta de ônibus, na companhia dos cardeais, e não na limusine papal.
 
Registrou-se ainda que ele pediu aos argentinos que, ao invés de gastarem dinheiro com uma viagem cara a Roma para presenciar o início do seu pontificado, fizessem doação aos pobres e necessitados.
 
Mas antes disso, em sua vida religiosa na capital argentina, ele já demonstrava ser alguém de hábitos simples e desprovido de qualquer apego material. Com efeito, vivia em um quarto sem ostentação, gostava de utilizar o ônibus e o metrô como meios de transporte e cozinhava a própria comida, dispensando a companhia de secretários ou auxiliares. Visitava frequentemente as chamadas vilas argentinas (semelhantes às favelas brasileiras), evangelizando, abençoando e ajudando os pobres que lá viviam. Conta-se, por exemplo, que, nessas ocasiões e nesses locais, ele chegava a lavar e beijar os pés dos pobres, em profundo sinal de respeito, solidariedade e humildade.
 
Também por isso, pode-se dizer que a escolha do nome Francisco pelo então cardeal argentino Jorge Mario Bergoglio tem a ver com a sua própria personalidade, ornada de simplicidade, humildade e relacionada à ordem dos Jesuítas da qual é proveniente.
 
Esperamos que as semelhanças com São Francisco não fiquem apenas por aí. Quem sabe, tal como ocorreu com o Santo de Assis - quando o papa Inocêncio III sonhou que a Igreja, naquela época em ruína, estava sendo sustentada pelos ombros do Santo dos Pobres -, venha o novo papa Francisco a ser, por sua vez, um dos grandes pilares de construção da nova Igreja, tão desejada pelos católicos e cristãos de todo o Planeta.
 
Especialmente nesses dias em que sérias ameaças vêm sendo trocadas entre importantes nações, em demonstração de uma possível guerra nuclear; em que a violência campeia pelos os quatro cantos do mundo, aniquilando a vida de incontáveis pessoas, desestruturando inúmeros lares; em que o pessimismo - já combatido pelo novo papa - parece secar a fonte de esperança no coração dos homens; nada mais necessário do que a Igreja, sob novo comando, envidar esforços na tentativa de concretizar a bela oração franciscana, estimulando cada um de nós a levar o amor onde houver ódio; o perdão, onde houver ofensa; a união, onde houver discórdia...
 
Nesse sentido, desejamos, enfim, que o papa Francisco tenha um verdadeiro pontificado revolucionário, capaz de mobilizar as forças da Igreja na direção de reacender, no coração e na alma dos homens, a prática de um dos maiores ensinamentos cristãos já ministrados pelo Papa dos papas: Amai-vos uns aos outros!
 
Eliseu Antônio da Silva Belo é promotor de Justiça em Cocalzinho de Goiás

Fonte: Jornal O Popular

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